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Irmão de luso-belga detido na RCA apela a ação urgente de Portugal

Joseph Figueira Martin está em detenção arbitrária há 420 dias na República Centro-Africana. O seu irmão exige uma resposta contundente de Portugal e da UE para a sua libertação.

17/07/2025 12:15
Irmão de luso-belga detido na RCA apela a ação urgente de Portugal

Georges Figueira Martin, irmão de Joseph Figueira Martin, um luso-belga detido há 420 dias sem acusação na República Centro-Africana (RCA), fez um apelo às autoridades portuguesas para que aumentem a pressão sobre o país africano. "Na sexta-feira completam-se 420 dias de detenção arbitrária do meu irmão. No dia 10 de julho, o Parlamento Europeu adoptou uma resolução de emergência solicitando a libertação imediata e incondicional dele e pedindo a implementação de sanções direcionadas a indivíduos da RCA", afirmou Georges à Lusa.

O irmão do detido considera que "Portugal deveria agir em conformidade com o pedido do Parlamento Europeu, assim como a Bélgica, colocando em prática sanções que poderiam incluir a revisão dos acordos bilaterais e do apoio financeiro ao país". Georges acrescentou que Joseph, de 42 anos, foi capturado por mercenários da empresa russa Wagner, submetido a tortura e posteriormente entregue às autoridades da RCA, que o mantêm preso sem qualquer acusação.

O advogado de Joseph, Nicolas Tiangaye, antigo Primeiro-Ministro da RCA, confirmou que o luso-belga continua detido, sem qualquer informação sobre uma possível acusação. Georges reitera a importância de ações por parte do governo português, sublinhando que "existem várias opções que deveriam ser consideradas." No dia 10, o Parlamento Europeu condenou a RCA pelas violações dos direitos humanos que afetam Joseph Figueira Martin.

A resolução, redigida pelo eurodeputado Francisco Assis (PS), obteve 617 votos a favor, quatro contra e 18 abstenções. Durante o debate, foi exposto que Joseph, que colaborava com a ONG americana Health International 360, enfrenta sérios problemas de saúde, tanto física como mental, após ser detido e torturado.

Georges Figueira Martin destaca que a intervenção de Portugal e da Bélgica é essencial, uma vez que "têm os meios para responder à situação do meu irmão." Recentemente, cônsules honorários de ambos os países visitaram Bangui, permitindo o acompanhamento da saúde de Joseph, que se encontra muito fragilizado. Cuidados médicos foram garantidos por um médico da Embaixada da França, que confirmou as péssimas condições a que está sujeito.

Segundo Georges, a detenção do irmão está provavelmente relacionada com o trabalho que ele tem feito na RCA e noutros países da região. "Creio que o facto de ser um estrangeiro envolvido em atividades ligadas à redução da pobreza e à violência de género o tornou um alvo para as forças russas presentes", afirmou.

Joseph tem um histórico na investigação de pastoralismo e intervenções humanitárias, tendo trabalhado para organizações como a International Crisis Group e a Invisible Children. O seu trabalho abrangeu a libertação de crianças soldados afetadas por conflitos armados.

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