Um novo relatório revela que as principais empresas de laticínios do mundo não estão a avançar na diminuição das emissões de metano, colocando em risco metas climáticas globais.
Um estudo recente da organização sem fins lucrativos Changing Markets Foundation revelou que as maiores empresas do setor dos laticínios falharam em implementar estratégias eficazes para reduzir as emissões de metano, um gás com impacto significativo no aquecimento global. A investigação, a que a agência Lusa teve acesso, destaca que apenas a multinacional Danone apresentou metas concretas e um plano detalhado para a diminuição deste gás nocivo.
A análise incluiu 20 marcas de referência e cadeias de cafetarias reconhecidas, que em conjunto representam um enorme consumo de produtos lácteos. A Changing Markets Foundation avaliou a performance das empresas e a conclusão é clara: embora muitas reconheçam que o metano e a atividade pecuária têm consequências climáticas sérias, apenas duas relataram ter conseguido reduzir suas emissões.
A maioria das empresas não possui objetivos definidos, planos de ação viáveis ou, pelo menos, um nível básico de transparência em relação às suas emissões. Entre as 20 empresas analisadas, 18 obtiveram menos de metade da pontuação máxima possível num sistema de avaliação que vai até 100. Apenas seis delas afirmaram monitorizar diretamente suas emissões de metano, e só quatro têm esse dado disponível publicamente.
A situação é alarmante entre as cadeias de cafetarias, que são descritas como das mais negligentes em relação ao metano. Por exemplo, estima-se que a Starbucks utiliza nos Estados Unidos aproximadamente 750 milhões de litros de leite anualmente.
Embora a Danone tenha liderado a tabela, alcançando 59 pontos de 100, este resultado revela a fragilidade do compromisso do setor. Em comparação, durante a conferência da ONU sobre o clima em Glasgow (COP26, 2021), 150 países assinaram um acordo global para reduzir as emissões de metano até 2030, com a agricultura como uma prioridade clara.
O relatório da Changing Markets Foundation assinala que, a menos que a indústria láctea tome a sério a redução do metano, as metas globais não serão bem-sucedidas. A organização critica os "interesses poderosos" das indústrias de carne e laticínios nos Estados Unidos e na Europa por obstruírem as tentativas de regulamentação das emissões agrícolas.
Em suma, o apelo para um compromisso verdadeiro e responsável no combate às emissões de metano no setor dos laticínios nunca foi tão urgentemente necessário.