Acusações de assédio político complicam a situação interna do PAN
Carolina Pia, ex-dirigente do PAN, denuncia Inês Sousa Real por assédio, mas a sua queixa resulta em processo disciplinar contra si, levantando tensões no partido.

A antiga dirigente do PAN, Carolina Pia, apresentou uma queixa disciplinar contra a porta-voz do partido, Inês Sousa Real, alegando perseguição política e assédio. No entanto, a sua queixa foi considerada infundada pela Comissão Política Nacional (CPN), que decidiu abrir um processo disciplinar contra Carolina.
Na denúncia enviada à CPN e à qual a Lusa teve acesso, Carolina Pia critica a falta de apoio da direção do partido para a sua candidatura no círculo de Viseu nas últimas legislativas. Segundo ela, esta omissão foi deliberada e resultou na não entrega das listas, prejudicando a sua posição como cabeça de lista em um distrito onde já tinha experiência.
Carolina argumenta que, apesar dos avisos sobre a carência de recursos e suporte logístico, a direção apenas se fez presente na última semana do processo de candidatura, momento em que seria inviável completar a documentação a tempo. A ex-dirigente sustenta que a falta de apoio tinha como intuito transformá-la num "bode expiatório" após o resultado das eleições.
"Inês Sousa Real orquestrou uma estratégia para me culpar pelo insucesso eleitoral, dizendo que vários eleitores questionaram sobre a falta de candidatura, impactando negativamente o partido, o que não é verdadeiro", afirma Carolina.
Adicionalmente, a antiga responsável pela distrital de Viseu menciona que se realmente a ausência de candidatura tivesse prejudicado a imagem do PAN, o partido teria agido para contrariar essa falha, o que, segundo ela, não aconteceu.
Ainda na sua denúncia, Carolina afirma que a sua distrital foi excluída dos processos de auscultação para as próximas autárquicas por motivos políticos e considera tal decisão discriminatória e ilegal.
A militante também denuncia comportamentos discriminatórios em reuniões internas, mencionando um ambiente hostil e episódios de violência verbal. Refere que Sousa Real teria tentado influenciar antecipadamente a votação sobre a instauração de um inquérito contra si, o que classifica como uma "perseguição política concertada".
De acordo com vários membros da CPN, a queixa de Carolina Pia não foi debatida na reunião de 14 de julho, sendo considerada difamatória em relação à líder do partido. Nesse mesmo encontro, decidiu-se instaurar um processo disciplinar contra Carolina, juntando-se a um outro já em curso devido à ausência da sua candidatura ao círculo de Viseu nas eleições legislativas de 2025.
Contatada pela Lusa, a direção do PAN qualificou as alegações de Carolina Pia como "caluniosas" e em "contradição com a documentação existente".
Carolina Pia, que liderou a lista do PAN por Viseu nas eleições legislativas de 2024, demitiu-se da CPN em maio, dias depois das eleições, sendo a terceira saída de órgãos dirigentes desde as eleições.